Se verificarmos no dicionário o significado da palavra “LUTO” podemos compreender como: um processo de tristeza profunda pela perca de algo, ou alguém. Diferente do que muitos interpretam, o processo de luto não ocorre apenas diante da perca de uma pessoa especial, mas em outras circunstâncias da vida, como a perca de animais de estimação, de objetos que tinham um valor simbólico especial para aquela pessoa e também, a perca de papéis.
Quando me refiro a perca de papéis, me refiro a papéis que eram desempenhados com frequência na vida do sujeito, e acabam sendo perdidos ao longo do tempo, ou por algum motivo específico. Por exemplo, um acadêmico que se forma na graduação, depois de formado, pode entrar em processo de luto pela perca do papel de aluno e das rotinas de faculdade. E é um sofrimento legítimo. Não há como julgarmos qual luto gera maior ou menor grau de sofrimento, pois cada indivíduo visualiza e compreende suas percas de uma forma, mas é importante respeitar esse processo, independente a qual área corresponder.
Outro exemplo que podemos refletir foi o ocorrido em uma escola da cidade de Suzano (São Paulo, Brasil), no qual algumas pessoas foram mortas. Foram mortes repentinas, sem motivo prévio (diferente de uma doença), o que repercutiu em sofrimento intenso nos familiares dos mortos, que vivenciam o processo de luto. Nesse caso, o luto foi pela perca de alguém querido. É um luto também legítimo, e que inclusive, teve repercussão na mídia pelo contexto em que ocorreu.
Então, como lidar com o luto? É só esperar passar?
Muitas pessoas querem uma receita mágica para erradicar a tristeza sentida durante o processo de luto, porém, isso não existe. O luto precisa ser vivenciado, as fases devem ser respeitadas e é importante que a pessoa permita-se passar pelo processo. Caso o sofrimento seja muito intenso, a ponto de inviabilizar que ela execute suas atividades de vida, é necessário procurar um profissional de psicologia para avaliar o que está, de fato, acontecendo a fim de trabalhar este sofrimento.
Caso o processo de luto seja ignorado, pode desencadear alguns sintomas a longo prazo, como tristeza, apatia, falta de desejo de realizar atividades rotineiras, desânimo, estresse, fadiga, entre outros, que podem resultar em depressão por exemplo. Por isso, é importante permitir-se vivenciar o processo de luto, mas é necessário perceber por quanto tempo os sentimentos derivados da perda irão permanecer.
Alguns autores estipulam um tempo específico para que o para o luto. Para estes estudiosos se o luto se estender por muito tempo, ele pode ser considerado patológico. Porém, é importante compreender que cada indivíduo possui seu próprio ritmo. Mas se esse sofrimento passar a inviabiliza o sujeito de realizar suas atividades rotineiras é preciso ficar atento e buscar auxilio de um profissional da psicologia.
Durante o processo de luto, podem aparecer comportamentos como choque, negação, ambivalência, revolta, negociação, depressão e aceitação (Euler Estever Ribeiro – Tanatologia: vida e finitude, 2008.). A fim de compreender, podemos sintetizar como:
· Choque – ao receber a notícia da perda;
· Negação – Ao considerar que aquilo não é verdade, “que não poderia acontecer comigo”;
· Ambivalência – Quando o sujeito fica entre entender que a perca ocorreu, ao mesmo tempo que nega isso; Revolta: Sensação de que foi castigada por algo, “eu não merecia isso”;
· Negociação – Busca de uma força superior ou pessoas para lidar com a perca;
· Depressão – Tristeza profunda por aceitar o que ocorreu;
· Aceitação – Compreensão que a perca ocorrida foi necessária naquele momento diante da realidade vivida.
Diante disso, precisamos compreender que o sofrimento do sujeito precisa ser compreendido com respeito, pois independente do tipo de luto que está sendo vivenciado, ele é significativo para quem está vivenciando. Como colocado anteriormente, é preciso estar atento quando este luto inviabiliza de alguma maneira a vida do sujeito, e se necessário, não deixe de buscar auxílio profissional. Cuide-se.
“Apesar do sofrimento, é importante tentar compreender a dinâmica do ciclo da vida e perceber que a morte desempenha o seu papel na sociedade: o de renovar, dando lugar e espaço para novas vidas.” (Euler Estever Ribeiro – Tanatologia: vida e finitude, 2008.)
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