Ultimamente tenho circulado por entre filas de atendimento como Procon, consultórios, parada de ônibus; enfim, em locais que pessoas esperam por algum tipo de atendimento. Neste vai e vem tenho notado que as pessoas estão cada vez mais envolvidas, seduzidas pelo mundo das diversas opções que o celular vos oferece. Fico preocupada.
Há uns 13 anos atrás, quando fui pela primeira conhecer a terra do Tio Sam (EUA), percebi este tipo de comportamento pelas ruas das cidades e nos metrôs, e lembro que isto já me deixava incomodada. Lá as pessoas estavam sempre de fone de ouvido, o celular na mão sempre, não percebiam o que se passava ao seu redor, era cada um no seu mundinho particular. E hoje também é a nossa realidade.
Fui pra Unesc de ônibus outro dia e notei que 90% dos passageiros estavam envolvidos com seus celulares. Não conversam mais com quem está a seu lado, não olham mais as paisagens que vão passando, não se ouve conversas, risadas entre os estudantes que em dados horários lotam o transporte coletivo.
Você também já deve ter percebido que, onde tem agrupamento de pessoas, não tem mais aquele olho no olho, não tem mais bom dia, boa tarde, boa noite, parece que levantar a cabeça e cumprimentar alguém é algo ultrapassado ou será porque não querem correr o risco de a gente puxar uma conversa?
Outro dia um pai me disse que está preocupado porque seu filho não fez amigos ainda na Universidade. Eu falei para ele não achar estranho não pois eu também já percebi que são poucos os grupinhos de estudantes, percebo que são mais isolados, que cada um está num canto se distraindo com o celular. Eu porque sou muito metida, do contrário estaria também sem nenhum amigo, eu não quero nem saber, puxo conversa mesmo.
Será que ter um colega, um amigo é tão desinteressante assim? Será que o outro não tem nada a nos oferecer? Será que o celular vai me dizer palavras de conforto quando eu estiver necessitando de consolo, quando eu estiver necessitando de um ombro amigo, de um abraço caloroso?
Eu sei que o celular, hoje, em nossas vidas, é um dispositivo muito útil, mas não podemos deixar que ele tome o lugar de um sorriso sincero, de um “bom dia” com afeto, de umas horas de conversa agradável com “gente”. Sim, digo “com gente” porque o celular até fala desde que tenhamos um aparelho mais sofisticado.
Não vamos ser escravos da tecnologia, vamos usar sim, mas de preferência quando não temos com quem conversar, ou quando dele mesmo necessitarmos; a tecnologia, a internet deve estar a nosso serviço e não o contrário.
Eu ainda escolho o ser humano e você?
Maria Margarete Olimpio Ugioni