Quando sofri uma represália pela primeira vez de um defensor do politicamente correto me senti como se estivesse em outro mundo. Estava cantarolando para uma criança a famosa música em que eu atiro um pau no gato e ele não morre, apenas dá um enorme berro que até assusta a Dona Chica.
Fui abordado por esta pessoa que me disse que esta música não era mais politicamente correta. Na hora, pensei “Poxa vida, mas eu não cantei nenhum desses funks da atualidade em que as ‘novinhas’ descem, sobem e fazem mais um monte de coisas”, claro que o pau elas não jogam no gato, mas a música em si é muito pesada. Então, a pessoa me disse que agora a música tinha mudado já que não devemos maltratar os animais. Achei muito lindo e fiquei até emocionado, porque agora acabou o problema de maus tratos aos animais, até que enfim alguém tomou uma atitude, mudando a música o problema está resolvido.
A segunda vez foi quando eu disse que a coisa ia ficar preta, ligeiramente, fui abordado por alguém que explicou sobre a analogia da frase que liga aos afrodescendentes. Fiquei surpreso, pois sempre quando falei esta frase nunca pensei em algum tipo de ligação com afrodescendentes. Mas fico feliz por ter sido alertado, agora, é mais um problema resolvido tirando a palavra “preta” da frase vai acabar com o ato detestável do racismo.
Como era divertido poder chamar meu amigo de gordo baleia saco de areia e ele me chamar de magro palito saco de pirulito, dávamos risadas juntos e isso nunca estragou nossa amizade. Será que se as pessoas mudarem o jeito de se expressar nós encontraríamos uma solução para o fim do preconceito? O preconceito está na cabeça das pessoas e é algo que tem que ser aprendido por meio da educação familiar, chamar um negro de afrodescendente acaba com o preconceito? E chamar um gay de homossexual?
Parece-me que o sistema não quer acabar com o preconceito, mas sim, mascará-lo, fazendo com que pessoas vivam num exílio e se sintam culpadas pelo preconceito de alguns meros idiotas. No mundo todo, existem casos sérios de bullying e preconceito, isso tem que realmente ser punido, pois já passei por algo parecido na época em que não se dava nome a esse tipo de delinquência, se assim posso dizer. Sentia-me mal e muito ofendido e acredito que esse deve ser o objeto de estudo do movimento politicamente correto. Tem como criar um parâmetro para a ofensa?
Nunca pensei que me incomodaria com esse conceito de politicamente correto, mas, depois que escrevi um texto em que citei alguns grandes filósofos brasileiros a quem admiro, fui muito insultado por não ter citado nenhuma filósofa mulher. Fui chamado de machista mesmo tentando explicar que só não citei por que não conhecia o trabalho de nenhuma delas. Aí me criticaram por eu não me interessar pelo trabalho de nenhuma filósofa. Isso, para mim, já virou palhaçada.