A comprovação é científica: este nutriente protege as crianças contra doenças do tubo neural, como a espinha bífida.
Durante a gravidez, as mulheres necessitam de dieta mais equilibrada e rica em nutrientes. Vitaminas, minerais e proteínas auxiliam na manutenção da saúde da mãe e também no desenvolvimento de um bebê saudável. Entre os inúmeros aliados nesse momento especial da vida está o ácido fólico.
“O ácido fólico é extremamente importante para a prevenção de defeitos congênitos, em especial os defeitos do tubo neural, e participação importante na prevenção da anemia da mulher grávida. O folato participa muitas reações celulares, em especial nos órgãos em desenvolvimento. Diversos estudos mostram a prevenção de possíveis doenças congênitas incluindo cardiopatias e também o autismo”, explica o Dr. Renato de Sá.
A indicação da suplementação do ácido fólico é uma diretriz de várias entidades de saúde mundiais importantes, incluindo a Agência Federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (FDA) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Essa indicação é respaldada por diversos estudos ao longo dos anos, que comprovam a atuação desse nutriente de forma positiva para as mulheres no período gestacional.
Informações de fontes não científicas, porém, podem confundir a população. Não é verdade, por exemplo, que mulheres com polimorfismo (da MTHFR) – condição que provoca dificuldade de absorção do ácido fólico – deveriam utilizar outra opção do nutriente: o metilfolato. Com as doses preconizadas de suplementação de ácido fólico (400mcg/dia) elas conseguem alcançar o mesmo nível de proteção da população em geral
“Nenhuma sociedade médica no mundo indica o metilfolato para gestantes. Ter a impressão de que determinado componente funcione em termos farmacológicos não significa que, de fato, ele seja efetivo em uma situação real biológica. Além disso, não existe nenhum estudo que comprove a prevenção de defeitos do tubo neural com este componente. Por isso, as sociedades não endossam. Sabemos que o ácido fólico na dosagem correta funciona. Temos segurança para afirmar isso, pois já foi testado e aprovado por estudos de grande valor científico. Não faz sentido usar uma medicação não testada e sem comprovação”, destaca o médico.
O Dr. Renato de Sá chama atenção para a dosagem correta do uso do ácido fólico, que são 400 microgramas. “Essa dosagem não é aleatória. É recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em relação à dose ideal do ácido fólico a ser consumida diariamente pela gestante, que envolve três componentes: ingestão dos alimentos, outro que pode ou não estar presente na fortificação das farinhas e um percentual relacionado à suplementação que a mulher deve ingerir. Quando fazemos essa análise, os 400 microgramas representam a dose ideal para chegar ao preconizado pela OMS para uso diário. Acima disso, não foi devidamente testado e abaixo disso aumentam os riscos dos defeitos congênitos. Caso seja necessária suplementação a mais, o médico recomendará como, por exemplo, uma mulher que fez cirurgia bariátrica que pode precisar de dose maior ou mulheres que já tiveram filhos anteriormente com doenças do tubo neural – essas, sim, precisam de dose maior de suplementação do ácido fólico, quando pretenderem engravidar novamente. Mas a recomendação para a população geral é o uso dos 400 microgramas“, finaliza o especialista.
A ingestão de 400 mcg de ácido fólico deve ocorrer pelo menos 30 dias antes da concepção e no primeiro trimestre da gravidez. Por isso, todas as mulheres devem utilizá-lo, independentemente das variantes (polimorfismo da MTHFR) que possam existir. Afinal, há confiança e segurança de anos de resultados, além de respaldo científico.
Defeitos de fechamento no tubo neural (DTN)
A maioria dos problemas ocasionados pelos DTN resulta em lesões no cérebro ou na medula espinhal. São malformações congênitas, que influenciam diretamente o índice de mortalidade infantil e a saúde das crianças. O não fechamento no tubo neural pode resultar em anencefalia (quando o tecido cerebral não se desenvolve) e espinha bífida – quando os ossos da coluna não se fecham corretamente.
Por Thalisson Luan